Tuesday, January 12, 2010

Permacultura vs Capitalismo? Ou meio termo?

A ecologia já foi uma moda na arquitectura. Hoje em dia é um requisito obrigatório. Mas há que encontrar um meio termo entre os "cabeças de betão" e os hippies.

A revolução industrial veio determinar o ínicio do boom da destruição do sistema natural do nosso planeta, com construções desenfreadas, poluição, destruição de ecossistemas, tudo isto em prol do sistema económico.

O sistema económico é um sistema parasitário que existe dentro do sistema natural do nosso planeta, absorvendo vorazmente os seus recursos. É um sistema expansivo, mas o natural não o é. Se um está dentro do outro, o que acontecerá no futuro?
Será que um dia ambos se encontrarão numa relação simbiótica, em que o sistema natural disponibiliza os seus já reduzidos recursos, para que o económico crie e mantenha soluções para a preservação de ambos?

Penso que não devemos apoiar um tipo de construção que não vise um mínimo de auto-suficiência energética, mas também não é solução ir viver para o meio do monte numa comunidade de permacultura, longe dos olhares alheios, enquanto se critica a voracidade imperial capitalista.

Imagine-se que o que acontece é uma petrificação expansiva da natureza. Onde antes estariam umas dezenas de árvores e plantas, agora ergue-se uma torre de betão.E se tentássemos repetir esse processo, mas no vice-versa? Se fizéssemos expandir a natureza a partir do coração da cidade?
Mesmo nas grandes cidades existem sempre pequenos canteiros com terra e terrenos baldios. E se andássemos todos os dias com algumas sementes no bolso e as lançássemos à terra por onde fôssemos passando?

Construir um edifício é bem mais difícil do que plantar um pinheiro. Exige maquinaria, trabalhadores, arquitectos e uma porrada de dinheiro. Plantar uma árvore custa cêntimos, se comprarmos as sementes num supermercado, por exemplo. A Natureza, depois de plantarmos as sementes, arquitecta tudo sozinha e não nos pede nada em troca. E o melhor de tudo é que não exige burocracias

Fénix

A Natureza possui uma capacidade peculiar de se renovar através da auto-destruição. Como um incêndio que deflagra pela queda de um raio na savana. Também o Homem se renova por dentro. E para trás ficam as cinzas de um passado leve. Que nos acompanham trazidas pelo mesmo vento que nos empurra para o futuro.

Anima

No âmago de ti há um grito que se solta repetidamente.
E repetidamente retorna ao âmago de ti.
Ele quer alarmar os olhos doentes que fazem pensar no que se viu.
Mas não te alarmes muito.
Tu és leve, embora enclausurada num corpo cansado.
Se ao menos os olhos não vissem, a tua leveza não seria afectada pela gravidade de um núcleo de emoções antigas cunhadas em imagens.
É por isso que o teu carcereiro, esse corpo cansado, deve abrir os sentidos para o mundo misterioso, infinitamente maior do que aquele onde vivia e que agora se torna áspero à memória.
Existe um admirável mundo novo em redor.
Vão.